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Lançamento da Progress 59 M-27M pelo foguete Soyuz.
Imagem: ROSCOSMOS |
O cargueiro
russo Progress M-27M foi lançadado no dia 28 de Abril de 2015 por um foguete
Soyuz 2-1a carregando 2.357 quilos de suprimentos para a Estação Espacial
Internacional. Instantes após ser lançado, houveram bproblemas controle
de voo e de comunicação com estações terrestres. Considerando o tamanho do
problema e a falta das opções para recuperação da nave, a Agencia Espacial
Russa optou por desistir da mesma. Sendo assim, a nave de 7.289 quilos
continuou sem controle em sua órbita. A órbita inicial era de 180 por 260
quilômetros, mas conforme o tempo passava, lentamente a nave ia caindo em
direção à superfície terrestre.
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Monitor do controle de voo da Progress indicava falhas
e mostrava em vídeo o quão descontrolada a nave estava.
(NASA TV) |
As primeiras
previsões foram que a reentrada ocorreria cerca de duas semanas após o
lançamento, com a incerteza de alguns dias. Conforme o cargueiro entrava em
contato com as altas camadas atmosféricas, a fricção fez com que a sua velocidade
diminuísse, causando uma diminuição na altura orbital. Com uma órbita menor e
constante, as simulações de reentrada foram melhoradas e, agora, indicavam o
regresso para o dia 9-10 de Maio, mas devido ao aumento das
atividades geomagneticas e do fluxo solar, o que causa a expansão da atmosfera
e, consequentemente, aumenta o arrasto, a nave mostrou uma taxa maior na
velocidade de descida. Nesse momento as previsões dataram para 7-8 de Maio, com
precisão de algumas horas.
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Previsão de reentrada do site SATVIEW.ORG publicado às 18:05 BRT. |
As 19:29 UTC
(16:29 BRT) o último conjunto de dados orbitais foi analisado, a essa hora a
Progress ainda tinha umas 6 horas de voo, de acordo com as previsões
anteriores. O que já era incerto piorou, uma vez que a taxa de descida cresceu
quando a descida sofreu desaceleração. Causa disso foi a dúvida se os dados
eram ou não válidos.As 21:50 UTC (18:50 BRT) a Progress foi observada cruzando
os céus de Buenos Aires com variação de velocidade, indicando que a nave ainda
não estava estável. A nave então continuou sua órbita, completando mais algumas
voltas em torno da Terra. As 23:40 BRT a agencia espacial russa informou
que a Progress havia reentrado sobre o Pacífico as 02:04 UTC (23:04 BRT). A
confirmação veio mais tarde pela USSTRATCOM, informando a reentrada com
precisão de +/- 1 minuto as 02:20 UTC (23:20 BRT). Esses dados foram obtidos
por meio da observação de satélites militares geoestacionários que são capazes
de captar a assinatura infravermelha de um objeto reentrando na atmosfera,
diminuindo assim a janela de reentrada.
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Ponto A: Abertura da janela de reentrada. Ponto B: Fim da janela de reentrada.
Locais azuis: pontos de reentrada, com intervalo de 2 minutos
Locais verdes: pontos onde os destroços poderiam atingir a Terra, com intervalo de 2 minutos. |
O decaimento
orbital indica que o cargueiro reentrou a atmosfera a aproximadamente 350
quilômetros da costa chilena, bem mais à frente que o local indicado
anteriormente pela Roscosmos.
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Ilustração da nave reentrando.
Créditos: AGI |
A reentrada
de um objeto se dá geralmente entre 100 e 120 km, local onde a atmosfera
terrestre fica mais densa. Considerando sua alta velocidade, em torno de 28mil
km/h, o ar em frente a nave é comprimido criando uma camada em que algumas
das moléculas são separados em íons, criando a típica camada de plasma visível
que pode estar presente mesmo minutos antes do início desintegração.
Segundo os
dados da USSTRATCOM, a reentrada se deu a 80 km de altitude, onde essa
compressão do ar acaba por desencadear a desintegração da nave. A primeira
parte a ser estilhaçada foram os painéis solares, seguida dos tanques de
propelentes e da pressurização. A força e o calor gerado por essa fricção com o
ar é enorme. As temperaturas são tão elevadas que podem literalmente
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Ilustração da desintegração dos componentes da nave após
a reentrada. Créditos: AGI |
derreter
praticamente todas as partes da sonda. Já a força que a nave experimenta é de
esmagadores 20G. Mas nemtoda a nave pode ser destruída e há vários componentes
que são sérios candidatos a chegarem intactos em superfície terrestre. O
componente com a maior probabilidade de atingir o solo é o mecanismo de
acoplamento da nave espacial, com 200 kg. Esse sistema de ancoragem hospeda uma
escotilha de 80 centímetros, que está cercada pelos ganchos de encaixe em um
anel de metal maciço.
Até o momento desta postagem, nenhuma confirmação sobre o achado dos destroços havia sido publicado. Estamos aguardando por informações.
Fonte: Spaceflight101.com
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