Identificado o Primeiro Pulsar de Anã-Branca

     A estrela variável AR Scorpi (AR Sco) foi descoberta recentemente pulsando desde os comprimentos de onda do ultravioleta até as ondas de rádio. O sistema é composto por uma estrela M5 (0,3 massas solares) com uma órbita muito próxima - 3,55 horas de translação - de uma anã branca (0,8 massas solares) mais massiva. Novas observações ópticas da AR Sco mostram uma forte polarização linear (acima de 40%), a mais forte já identificada em objetos astronômicos. Essas observações reforçam a noção que, similar aos pulsares de Estrela de Nêutrons, a luminosidade pulsante da AR Sco é alimentada pelo feixe da anã-branca, altamente magnetizada - acima de 500 MG. A morfologia da polarização linear modulada é similar a observada no pulsar no centro da Nebulosa do Caranguejo, embora com uma forma de onda intrínseca um pouco mais complexa com a presença de dois sinais periódicos de frequência similar. Interações magnéticas entre as duas estrelas potencializa a emissão polarizada e não-polarizada observada. AR Sco é, portanto, o primeiro exemplo de um pulsar de Anã-Branca. 


Ilustração artística do primeiro pulsar de anã branca descoberto no Universo. [Imagem: Mark Garlick/University of Warwick]

      Os pulsares, descobertos a 50 anos atrás, são estrelas de nêutrons de rápida rotação com emissão de rádio modulada pelo spin, alimentada pela perca de energia causada pela sua rápida rotação. A AR Sco foi recentemente descoberta como sendo um sistema binário fechado (3,56h), contendo uma anã-Branca de alta rotação (Ps=117,1s) mostrando uma intensa variação de brilho por toda a extensão do espectro eletromagnético. O feixe emitido pela Anã-Branca potencializa a emissão não-termal, que excede muito a luminosidade combinada das componentes da estrela e domina a distribuição espectral de energia (SED). 


Radiação Síncrotron ocorre quando uma partícula carregada encontra um forte campo magnético. A partícula é então acelerada ao longo de uma trajetória espiral seguindo o campo magnético e emitindo ondas de radio durante o processo. O resultado é uma distinta assinatura de comprimento de onda do radio revelando a intensidade do campo magnético.

      
        A ausência de cintilação e espessas linhas de emissão, que é um indicativo de perca de massa visto na AE Aqr, implica que não há perca de massa em AR Sco e sugere que um mecanismo diferente está drenando a energia cinética rotacional na Anã-Branca, talvez o mesmo que acontece nos pulsares, ou seja, radiações de dipolo e interações magneto-hidrodinâmicas (MHD).


[Publicado em 23/01/2017]

Para ler o artigo completo acesse: http://www.nature.com/articles/s41550-016-0029#supplementary-information

Buckley, D. A. H. et al. Polarimetric evidence of a white dwarf pulsar in the binary system AR Scorpii. Nat. Astron. 1,0029 (2017).

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